Ventava, a menina de vestes coloridas dirigia
um possante avermelhado, um fusca anos 50 com placas de um outro mundo. De onde
vinha? Para onde iria? Não sei... Ela passava, ela paz dava, ela pairava no ar.
Ventava, o sol tornava as cores e os motivos ainda mais vibrantes. Sorrateiro, o
vento roubava as flores amarelas do ipê que o enamorado pretendia enviar, em fotos,
para alguém, teoricamente, distante. Retórica dos namorados, nem o Bruxo do
Cosme Velho descreveria o que eram para o rapaz aqueles olhos, sutilmente,
apertados. Ah, se ela estivesse aqui. O aconchego nos braços, o olor da saudade
insaciável, parcialmente, saciar-se-ia.
Eis que o amarelo convida o vermelho a
parar, convida o colorido a estacionar e a descer, a contemplar. Fitam-se
incrédulos. Tempo infinito e breve, encontro e desencontro, perplexidade.
Haviam plantado singelas sementes de um sentimento verdadeiro, elas floresceram
em belos campos de ipês, daqueles amarelos, com os quais Rubem Alves sonhara.
Perfeito.
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